As empresas assentam em quatro pilares fundamentais: governação, estratégia, engenharia e arquitectura. “[E]ste livro trata do pilar da arquitectura, abordando igualmente as questões da governação da arquitectura.” (p 2)
O autor começa por dizer que a “arquitectura define o conjunto de componentes necessários para se alcançar a estratégia” (p 2) e define a arquitectura de empresa como a “descrição holista dos activos chave de tecnologia de informação de uma empresa, do seu relacionamento e do seu impacto no negócio” (p 48).
Para além de ser um produto, a arquitectura de empresa é também um processo, institucionalizado, da responsabilidade de órgãos permanentes, “feito de forma incremental, iterativa e sujeita a revisão periódica” (p 15).
O autor lista inúmeros benefícios de uma arquitectura de empresa (entre os quais flexibilidade nos negócios e redução do tempo de chegada ao mercado, gestão da adopção da inovação tecnológica, controlo da redundância e inconsistência de dados, e integração e inter-operabilidade entre sistemas de informação), mas, resumindamente, a arquitectura de empresa é necessária para “garantir a ponte entre a estratégia e a complexidade da implementação e um referencial para a gestão da mudança” (p 75) e é mais precisa “[o]nde houver demasiada complexidade e mudança” (p 86). Isto é, nos dias de hoje, em todas as empresas e em todas as áreas das empresas.
No capítulo 7, sugere vários tipos de modelos para a arquitectura de empresa, recorrendo ao Enquadramento de Zachman.
- A segunda parte deste livro, debruça-se sobre a metodologia de criação de uma arquitectura de empresa. Identifica, assim, as onze fases no método DAE (Desenho de Arquitectura Empresarial), desenvolvido e utilizado pelo autor:
- iniciação;
- sumário estratégico-operacional;
- arquitectura do negócio;
- tecnologias e sistemas concorrentes;
- arquitectura política I;
- arquitectura de dados;
- arquitectura de aplicações;
- arquitectura tecnológica;
- arquitectura política II;
- plano de construção; e,
- conclusão e transição para a construção.
Cada uma destas fases é descrita em pormenor, recorrendo a um exemplo real.
A terceira parte deste trabalho é sobre a gestão da arquitectura de empresa. O capítulo dezanove aborda a governação sob o ponto de vista do seu modelo, dos regimes políticos de informação, da estrutura e dos órgãoes que a compõem. Estes órgãos são o tema dos capítulos que se seguem.
O capítulo 26, é sobre o processo de mudança de uma empresa não arquitectada para uma empresa com arquitectura. O processo de mudança:
- é complexo;
- tem de co-existir com a actividade normal da empresa;
- deve ocorrer no prazo e orçamento previstos, bem como atingir os objectivos programados.
Os oito passos propostos por Vaz Velho para este processo de mudança, baseiam-se no trabalho de John Kotter:
- criar a urgência da arquitectura;
- formar uma poderosa coligação para a arquitectura;
- criar uma visão de empresa arquitectada;
- comunicar a visão da empresa arquitectada;
- empossar os agentes da arquitectura para uma acção profunda;
- gerar ganhos da arquitectura no curto prazo;
- consolidar os ganhos da arquitectura e produzir mais mudança; e,
- ancorar a arquitectura na cultura da organização.
Como não poderia deixar de ser, o livro inclui uma rápida revisão da literatura existente, destacando as contribuições de John Zachman e Steven Spewak.
A conclusão do livro é, sem dúvida alguma original, sendo, de facto, um convite ao leitor a registar as suas próprias conclusões.
Depois de ter fechado o livro, fiquei com uma sensação estranha e que se deve ao facto de não ter encontrado, nas mais de 450 páginas, resposta a duas questões que me incomodaram assim que li o título do livro:
- porquê Arquitectura de Empresa e não “da”?; e,
- porquê Arquitectura de Empresa e não “de Organização”?
Este livro pode gabar-se de um grafismo e design bastante bons e torna-se bastante fácil de ler devido ao seu estilo de conversa casual. O autor conta bastantes histórias para ilustrar os pontos que deseja realçar. Enquanto que as histórias são engraçadas e apropriadas, algumas das metáforas usadas são um pouco infantis e pouco relevantes.
O exemplo apresentado da Cooperativa de Fruticultores é bastante útil na medida em que ajuda à compreensão dos factos e passos descritos. Consigo imaginar muitos dos quadros apresentados nas paredes de alguns escritórios como rápida referência para o trabalho do dia-a-dia.
Sobre o livro:
Arquitectura de Empresa
Amândio Vaz Velho. Centro Atlântico, Portugal, 2004.