Se pretende um livro que conte a história da gestão de conhecimento, não compre este. Se está interessado(a) num livro teórico, este não é o livro para si. Porém, se o que deseja é um livro prático para o(a) ajudar com a gestão de conhecimento na sua organização, não deixe de ler Knowledge Management for Teams and Projects por Nick Milton.
O primeiro capítulo é sobre princípios de gestão de conhecimento (GC), tais como o que é conhecimento e a sua relação com dados e informação, os conceitos de utilizador e fornecedor de conhecimento e o fluxo de conhecimento entre os dois, e o modelo de doze componentes desenvolvido pela Knoco Ltd.. Este capítulo também sugere duas boas razões para gerir conhecimento numa organização: reduzir a curva de aprendizagem e conseguir que todos atinjam os valores do benchmark. Também defende a necessidade de uma abordagem holística que considere: conhecimento tácito e explícito; comunicação, captura, armazenamento e acesso; pessoas, processos, tecnologia e cultura; aprendizagem antes, durante e depois; e equipas de projecto e comunidades de prática. O autor canta a importância de gerir conhecimento de forma a garantir que o que fazemos é sistemático, rotina e serve a estratégia de negócio.
O fluxo de conhecimento pode ser de dois tipos: directo do fornecedor para o utilizador, ou do fornecedor para o banco de conhecimento e depois para o utilizador. Há vantagens e desvantagens em cada uma destas abordagens e a abordagem a usar deve ser decidida depois de se pesarem os seus prós e contras.
O segundo capítulo é sobre diferentes tipos de trabalho: de projecto, individual, de serviço e operacional. São descritas as principais características e é estabelecida uma relação entre o tipo de trabalho e a melhor abordagem à GC.
Embora os dois primeiros capítulos sejam importantes para oferecer enquadramento, o livro aquece com o capítulo três. Este fala sobre a gestão de conhecimento dentro de um mesmo projecto, considerando o conhecimento necessário em cada fase, as fontes possíveis, e as actividades de GC que podem ajudar: peer assist, optioneering, peer review, limite técnico, after action reviews, comunidades de prática, reuniões para revisão de projecto, registo de lições e acções, retrospectivas, histórias de conhecimento, e outras.
O capítulo seguinte é muito semelhante mas concentra-se no fluxo de conhecimento entre projectos diferentes. Algumas das técnicas aconselhadas são as mesmas mas há algumas diferentes: base de dados de lições aprendidas, bens do conhecimento, transferência de colaboradores, e páginas amarelas.
Ambos os capítulos descrevem estas técnicas com algum detalhe, sugerindo funções e estrutura, dando exemplos e oferecendo dicas. É considerado também o aspecto da comunicação nalgumas destas técnicas, como por exemplo qual a melhor forma de comunicar lições aprendidas.
O capítulo cinco é um óptimo guia de como definir, planear, estruturar, executar e medir a gestão de conhecimento numa organização ou, como Milton diz, o capítulo é sobre “assurance and embedding” da gestão de conhecimento. Os cinco elementos são:
- um enquadramento estratégico para a GC na organização;
- standards de GC para os projectos;
- planos de GC para cada projecto;
- avaliações e auditorias de GC para projectos individuais; e,
- um sistema organizacional para medir e reportar sobre a actividade de GC.
Todos estes elementos são explicados e o autor reflecte sobre os cargos necessários para colocar estes elementos em prática. Milton também oferece sugestões práticas tais como um critério para determinar a importância do conhecimento necessário, conteúdo de workshops, escalas para medir a aplicação da GC em unidades de negócio, etc..
O sexto capítulo fala sobre a relação entre a gestão de conhecimento e a gestão de desempenho, a gestão de risco, e a gestão de segurança, saúde e ambiente.
O livro termina com um sumário que, no fundo, é uma lista de conclusões relevantes para três grupos de utilizadores de GC: gestores de projecto, coordenadores de comunidades, e gestores organizacionais.
A secção que este livro dedica às comunidades de prática é bastante boa, bem como o sexto capítulo. Um tópico que carece mais atenção é a medição do impacto da GC.
Este livro oferece uma abordagem muito formal à gestão de conhecimento. É muito prático, e inclui muitas ideias e exemplos de como algumas organizações as puseram em prática. O único aspecto negativo que tenho a apontar é que os exemplos apresentados derivam de um conjunto reduzido de organizações, quase todas do sector petrolífero. Isto não significa que os exemplos não sejam relevantes, apenas que seria bom ter prova das sugestões avançadas terem sido eficazes em mais organizações e sectores.
Sobre o livro:
Knowledge Management for Teams and Projects
Nick Milton. Chandos Publishing, Great Britain, 2005.