“Em grande medida, o desafio consiste em compreender nacional, regional e localmente o modo como explorar o conhecimento enquanto recurso produtivo/económico” (p 96).
As cidades e territórios do conhecimento são, seguramente, um tema actual e importante. Este livro vem substanciar essa importância, explorando as tendências, explicando conceitos chave, e, essencialmente, concretizando com a apresentação de alguns casos de aplicação.
Este livro está dividido em quatro partes.
A primeira cobre alguns conceitos teóricos com vista à criação de uma linguagem comum que permita ao leitor seguir as ideias propostas pelos autores. Assim, fala-se de informação, conhecimento, “glob(c)alização”, capital intelectual, etc..
Os autores enfatisam nesta parte do livro o quão importante é, para as organizações, planearem os seus sistemas de informação (SI), dando resposta às necessidades internas e externas imediatas, mas também às necessidades que se antecipam. Os SI/TIC são fundamentais para a mudança organizacional e a gestão dos territórios deve visar a maximização dos seus benefícios.
O capital intelectual, as suas diferentes interpretações, e diversos modelos para a sua avaliação, são resumidamente descritos. Destaca-se o modelo de Viedma (CICBS) que permite medir o capital intelectual de cidades, comparando-as entre si e com uma cidade modelo.
A segunda parte do livro debruça-se sobre os territórios do conhecimento, suas características, requisitos e importância.
O capítulo quatro caracteriza as mudanças do tecido urbano e o impacto das TIC. Fala ainda da inovação e dos factores chave para a competitividade.
O capítulo seguinte aprofunda o conceito de cidades digitais e globais, bem como o de comunidades electrónicas de negócio. São listadas as suas características e os problemas que se lhe colocam, mas faltam exemplos concretos que permitam visualizar estes conceitos na prática.
O sexto capítulo, último desta segunda parte, tece algumas considerações sobre os passos a dar e os aspectos a considerar na criação de territórios de conhecimento. Destacam-se as TIC e a aprendizagem que se torna possível graças à memória territorial. A memória territorial deve fazer parte de um sistema territorial de armazenamento e construção de memória e vai permitir aos territórios tomar decisões informadas por decisões e eventos anteriores.
As TIC representam um potencial mas podem também constituir uma ameaça se os territórios não forem capazes de delas tirar partido. Em geral, os factores que mais influenciam a capacidade dos territórios de gerirem as TIC são:
- dimensão económica;
- tipo e características do tecido produtivo e institucional;
- nível de qualificação dos recursos humanos;
- nível de sofisticação, actualização tecnológica e informacional dos processos produtivos;
- cultura;
- capital relacional; e,
- representatividade da economia do território.
Os autores consideram de extrema importância a definição de estratégias regionais para a Sociedade da Informação, estratégias essas que devem incluir intervenções adequadas às necessidades específicas do território. A realização de projectos-piloto é apontada como uma forma de avançar devagar, com menos riscos e produzindo resultados que permitam informar novas iniciativas e alargar os campos de intervenção.
As cidades inteligentes, ou cidades que aprendem, são também tema deste capítulo, e os autores listam a informação que é necessário reunir a fim de se poderem desenvolver políticas que conduzam a essa realidade.
A terceira parte deste livro é bastante interessante já que resume alguns exemplos concretos de aplicação dos conceitos explanados.
O primeiro dos exemplos é o município de Mataró, na Catalunha, Espanha. Esta cidade serviu de “cobaia” ao desenvolvimento do modelo CICBS e é considerada um caso de sucesso na gestão do seu capital intelectual. O capítulo lista as questões que informaram o arranque do estudo, as áreas identificadas como prioritárias, e as iniciativas em curso. Termina com uma tabela que lista os indicadores de capital intelectual considerados relevantes para a direcção estratégica definida para a cidade.
O capítulo oito aproxima-se de casa (Portugal) e fala do Programa Operacional para a Sociedade do Conhecimento (POSC) – que sucedeu ao Programa Operacional para a Sociedade da Informação (POSI) – e dos seus objectivos principais. Enumera ainda os projectos já apresentados no âmbito da iniciativa “Cidades e Regiões Digitais” e fala, em mais pormenor, do projecto Aveiro Cidade Digital.
O capítulo nove é sobre a Rede Kognopolis. Este projecto visa criar uma rede entre cidades vizinhas dos dois lados da fronteira portuguesa, tentando fortalecer uma região que, por factores histórios e geográficos, não tem maximizado o seu potencial. O capítulo fala dos dois elementos do estudo inicial: a análise do estado actual da região no que diz respeito à aprendizagem organizativa, à direcção do conhecimento e ao capital intelectual; e a análise SWOT.
A quarta e última parte do livro, com o título “Conclusões e tendências”, trata-se, essencialmente, de um resumo do livro e não traz nada de novo.
Este livro aborda, de forma concisa e acessível, uma temática actual e pertinente. Peca um pouco pela repetição de alguns conceitos, por, algumas vezes, menosprezar o leitor, e por conter algumas gralhas tipográficas. No entanto, tenho de dizer que me deu imenso prazer ler este livro, que considero de extrema importância para quem zela pelos interesses do nosso país e das suas regiões e por todos aqueles que já se aperceberam da importância do conhecimento no desenvolvimento das regiões e das organizações.
Para quem, apesar de interessado, não dispõe do tempo necessário para a leitura completa deste trabalho, aconselho vivamente a não saltar os capítulos seis, sete e nove.
Sobre o livro:
Cidades e Territórios do Conhecimento: Um Novo Referencial para a Competitividade
António Serrano, Fernando Gonçalves, Paulo Neto. Edições Sílabo, Portugal, 2005.
Carta aos Senhores Prefeitos
Gostaria de entender qual a grande dificuldade ou os motivos do pouco interesse do Poder Público Municipal na identificação de algumas – às vezes muitas – ruas e logradouros públicos de muitos bairros da periferia das cidades brasileiras.
A falta de placas denominativas de muitas ruas de bairros, da periferia das cidades, gera vários tipos de prejuízos aos seus munícipes. Particularmente, nas situações de emergência, quando das chamadas de ambulância, polícia, Corpo de Bombeiros, táxi ou dificuldades para os carteiros, entregadores de encomendas de uma maneira geral e para visitantes da cidade.
A falta de placas denominativas nas ruas, muitas vezes, provoca atrasos na chegada das pessoas a seus destinos; consequentemente, elas sofrem também perdas financeiras. Quando uma pessoa, na madrugada, procura uma rua e naquela região não existe placa denominativa e não é possível encontrar alguém para pedir informação, a situação acaba virando um martírio.
O município que valorizar a fixação de placas, indicando a direção de seus bairros, distritos, entradas da cidade, saídas para rodovias, indicação dos principais pontos e instituições de prestação de serviços públicos e com placas denominativas afixadas nas esquinas das suas ruas, estará favorecendo a todos: moradores e visitantes.
Monsueto Araujo de Castro
monsuetodecastro@uol.com.br
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