Há muitos livros sobre comunidades de prática ou comunidades virtuais. No entanto, não existem muitos sobre redes sociais que, de acordo com a autora deste trabalho, são um conjunto maior que inclui as comunidades mas também equipas de trabalho, alianças multi-organizacionais, etc..
Os princípios fundamentais das redes sociais, isto é conjuntos de duas ou mais pessoas que podem interagir e têm algo em comum, são:
- se é uma rede, pode ser desenhada
- todas as redes têm um propósito e criam valor
- depois de sabermos identificar e distinguir redes, podemos geri-las melhor
- podemos entender melhor as redes sociais se usarmos lições do estudo de sistemas adaptativos complexos
- todos numa rede influenciam as relações e resultados da mesma
- o trabalho de um líder é criar e manter as condições que conduzem a relações produtivas e inovadoras
- redes bem sucedidas são reflectivas e geradoras, e
- todas as redes são parecidas e todas são únicas.
As redes sociais (networks) é o tema do primeiro capítulo do livro que introduz também o conceito de “net work”, termo cunhado por Anklam para descrever “o trabalho necessário para entender, sustentar, e trabalhar efectivamente em redes sociais” (p 1).
O segundo capítulo foca nas razões pelas quais as organizações estão em fase de mudança e cada vez mais interessadas nos benefícios das redes sociais, tanto redes internas à organização como redes com outras organizações. Uma interessante tabela lista as diferenças entre as redes sociais e as tradicionais organizações hierárquicas.
As primeiras apresentam os seguintes benefícios:
- acesso a informação, conhecimento e experiência
- resiliência
- credibilidade
- abrangência
- difusão de conhecimento e inovação
- inteligência colectiva, e
- desempenho individual e colectivo.
Os quatro capítulos seguintes descrevem os diversos tipos de redes com base em quatro eixos: propósito, estrutura, estilo, e processos de criação de valor. Para cada tipo de rede são apresentados exemplos, de organizações públicas, privadas, do terceiro sector e da academia, permitindo assim ficar com ideias bem concretas da forma como as determinadas características de uma rede podem influenciar o comportamento e os resultados obtidos. Neste contexto, Anklam fala de governança, formas de liderança, objectivos, valores, espaço, rítmo, cultura, confiança, etc..
Extremamente pragmático, o sétimo capítulo descreve os passos necessários para a criação de uma rede social sustentável e dá ideias de como se podem concretizar esses passos. O modelo de crescimento sugerido pela autora inclui:
- criação propositada ou por descoberta
- definição de propósito
- design
- crescimento, e
- desempenho.
As funções a realizar, as tensões geralmente sentidas e as questões normalmente colocadas durante a criação e manutenção de uma rede social são aqui debatidas pela autora.
Porque é importante aferir o estado, progresso e sucesso de uma rede social, o capítulo oito apresenta três técnicas para análise de redes. São elas a análise de redes sociais (ou organizacionais, como a autora prefere chamar), a análise de redes de valor (da autoria de Verna Allee) e sensemaking com base na complexidade (criada por David Snowden).
O nono capítulo sugere ferramentas e técnicas que podem ser usadas para instigar mudança. As ideias apresentadas são interessantes mas falta-lhes o factor “uau” até porque muitas são bastante genéricas.
O capítulo final, um dos mais interessantes do livro, reflecte sobre o papel dos líderes organizacionais face às redes sociais. Assim, os líderes devem preocupar-se com:
- fazerem networking consciente
- servir de stewards à rede
- tirar partido da tecnologia
- criar a capacidade para “net work”, e
- usar as lentes e as ferramentas das redes sociais para melhorar a vida e as contribuições dos indivíduos e o poder colectivo da rede.
De acordo com a autora, este livro pretende ser um guia prático para quem necessita de criar redes sociais ou apoiar redes durante fases de transição. Penso que o objectivo foi atingido.
O livro está repleto de dicas e de resumidos casos de estudo. Existem algumas gralhas ortográficas aqui e ali mas está escrito de forma bastante acessível e é bastante fácil de ler.
Sobre o livro:
Net Work: A Practical Guide to Creating and Sustaining Networks at Work and in the World
Patti Anklam. Butterworth-Heinemann, USA, 2007.
Ana, parabéns por seu novo site. Este resumo é muito útil. Aproveito para convidar os interessados nesse tema para o tópico Análise de Redes Sociais, nos fóruns da SBGC – http://www.portalsbgc.org.br/sbgc/foruns/tm.asp?m=4152&forumid=30 E aproveito para dar o link do manual “Work the Net – Um Guia de Gerenciamento de Redes Formais”, de Peter Pfeiffer, que pode ser obtido por download. Conheci Peter no KM Brasil e fiquei impressionado com sua visão sobre o potencial da integração da gestão do conhecimento e o gerenciamento de projetos. Seus leitores poderão encontrar no site do próprio Peter – http://www.mpprio.com.br/resumo3.htm – as formas de contatá-lo.
Um grande abraço
Sérgio Storch
Gostei muito da estrutura de seu livro. Estou defedendo minha dissertação de mestrada estudando as redes de saúde e educação do país. Como posso comprar seu livro, vou tentar livrarias, mas se não for esse o caminho solicito que me retorne.
Parabéns.
Carmen