Gestão da Atenção: a Arte de Gerenciar a Atenção na Vida e nas Organizações (Henrique Castelo Branco, Cláudio Aurélio Hernandes, Fernando Eduardo Mesadri e Neusa Vitola Pasetto, 2010)

Gestão da Atenção: a Arte de Gerenciar a Atenção na Vida e nas Organizações

“[P]raticar atenção é o ato de selecionar informações que requer habilidades, instrumentos e ferramentas para processá-la de modo a que nosso intelecto – e também nossas emoções – possa avaliar o que percebeu e decidir se há o que agregar, mudar ou descartar em nossos modelos mentais” (p 15) Esta é a definição avançada pelos autores para o conceito “atenção”, o tópico central deste livro.

Apesar disso, esta definição não é única, e este mesmo conceito é definido de muitas outras formas dependendo da abordagem de quem o define. Os autores alertam para este facto, apresentando várias definições de acordo com as abordagens humanista e fisiológica. A de Davenport, no seu trabalho “A economia da atenção”, foi a que mais marcou o caminho dos autores neste trabalho.

Este trabalho reflecte sobre a atenção em quatro níveis distintos mas integrados e interdependentes: pessoal, grupal, organizacional e ambiental. Cada um desses níveis é concretizado num capítulo.

O primeiro nível, o pessoal, considera a existência de sete pilares:

  1. Físico
  2. Emocional
  3. Familiar
  4. Lazer
  5. Profissional (Intelectual)
  6. Finanças
  7. Religiosidade

Neste capítulo, os autores apresentam ainda os resultados obtidos num questionário realizado junto dos colaboradores de uma empresa de engenharia e que procura relacionar o volume de atenção dispensado a cada pilar com o sexo e a idade da pessoa.

O capítulo do nível de atenção interpessoal frisa, essencialmente, o grau de interdependência entre este e o nível pessoal.

Apesar de todo o livro ser de interesse para cada um de nós enquanto indivíduos, os capítulos mais interessantes do ponto de vista do KMOL, são, claramente, os capítulos que abordam os níveis de atenção organizacional e ambiental.

No primeiro, os autores começam por salientar a importância de dividir a atenção organizacional em duas frentes: atenção ao ambiente externo e ao ambiente interno.

Os factores externos estão, por sua vez, dividos em dois tipos: os que fazem parte do contexto imediatamente envolvente à organização, e os que fazem parte do ambiente mais afastado (explorados no capítulo 5 dedicado ao nível de atenção ambiental).

Os factores externos mais próximos à organização incluem clientes, fornecedores, concorrentes, tecnologias, grupos de interesse, etc.

Um dos aspectos principais destacado pelos autores neste capítulo tem a ver com o processo dinâmico da atenção, desenvolvido com base no trabalho de Paladino. Este processo apresenta três estádios igualmente importantes: focar, manter o foco e desfocar. “Em outras palavras, além de determinar quais os fatores merecem a atenção organizacional, é vital saber por quanto tempo essa atenção deve ser dispensada a esses fatores.” (p 117) A verdade é que é importante ser capaz de focar a atenção em determinados momentos, mas também ser capaz de a difundir de forma a captar aspectos mais abrangentes.

Hoje em dia as organizações não se podem queixar de falta de informação. De facto, a grande dificuldade para as organizações é serem capazes de perceber claramente que tipo de informação considerar. E para isso cabe às organizações enveredar por iniciativas estratégicas de gestão de informação que consigam, entre outros, conceber os processos e as ferramentas necessárias para a filtragem, digestão e partilha de informação relevante.

Um outro aspecto muito interessante referido ao nível da atenção organizacional, é que é importante não só reflectir sobre os aspectos externos em que a organização deve focar, mas também sobre como conseguir focar a atenção dos aspectos externos na organização.

Para finalizar, e no que diz respeito ao nível de atenção ambiental, os autores reiteram alguns dos pontos anteriores mas agora considerando que muitos dos factores externos em que focar são demasiado complexos, incertos e amplos para que possam ser alvo de o enfoque sistemático e abrangente. Assim, cabe às organizações pensar claramente nos aspectos que merecem atenção, durante quanto tempo e por quem.

Este trabalho é de fácil leitura e aborda um tema de crescente importância. Na era da informação e do conhecimento em que vivemos, é vital, tanto enquanto indivíduos como enquanto peças de uma (ou mais organizações) ganharmos consciência sobre o papel vital da atenção no nosso desempenho futuro e no nosso bem-estar.

O livro tem algumas gralhas (falta de espaçamento entre palavras, faltam algumas palavras , etc.) mas, de um ponto de vista bem positivo, tem imensos diagramas que facilitam a compreensão dos conceitos descritos verbalmente pelos autores.

Para mais informação sobre o livro ou o tema, pode ser encontrada aqui.

Gestão da Atenção (Branco 2010) - capaSobre o livro:
Gestão da Atenção: a Arte de Gerenciar a Atenção na Vida e nas Organizações
Henrique Castelo Branco, Cláudio Aurélio Hernandes, Fernando Eduardo Mesadri e Neusa Vitola Pasetto. Artes & Letras, Brasil, 2010.

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