Rework: Change The Way You Work Forever (Jason Fried, David Heinemeier Hansson, 2010)

Rework: Change The Way You Work Forever

Este não é um livro sobre gestão de conhecimento, nem sobre aprendizagem organizacional, nem sobre mudança cultural, etc. É um livro sobre trabalho, sobre princípios, práticas, hábitos de trabalho que podem ajudar as organizações, especialmente, mas não exclusivamente, as de menor dimensão e as recém-criadas. E enquanto livro sobre princípios e práticas de trabalho, acaba por ser, de forma, (in)directa sobre todos os temas que dominam o KMOL.

Este livro é extremamente fácil de ler. Está dividido em várias secções referentes a aspectos fundamentais da vida organizacional – produtividade, progresso, cultura, concorrência, recrutamento, etc.. Cada uma destas secções está, por sua vez, dividida em micro-capítulos de uma ou duas páginas.

Muitos destes capítulos, apesar de interessantes e relevantes, não têm muito a ver com este site. Assim, vou aqui destacar aqueles que considerei mais alinhados com os temas que geralmente abordamos aqui.

Dá-se demasiada importância à aprendizagem pelos erros. Dizem os autores que a evolução não se baseia em fracassos mas naquilo que funciona. Referem ainda um estudo da Harvard Business School que descobriu que empresários bem sucedidos têm mais probabilidade de ter sucesso novamente.

Tire partido das limitações: elas podem servir para pôr à prova a sua criatividade e os resultados podem ser surpreendentes.

Comece sempre pelo que tem de ser feito:  deixe para depois o que quer fazer e o que pode ser feito.

Não deposite demasiada esperança nem atribua demasiada importância às ferramentas: o que importa são os seus objectivos.

Perceba bem o que faz de melhor e pense se disso podem nascer novos produtos e serviços para alargar a oferta da sua organização. Esta é uma forma de utilizar o conhecimento, o processo fundamental da gestão de conhecimento.

Não crie ilusões de entendimento através de documentos e relatórios e artefactos que possam ser interpretados de formas diferentes: reproduza ou crie o que quer. Isto, digo eu, entra em conflito com a ideia de usar narrativas para comunicar mensagens, deixando espaço para que cada um interprete e “concretize” à sua própria maneira (ver o trabalho de Steve Denning).

Não copie, isto é, não imite o que outras empresas estão a fazer. “O problema deste tipo de cópia é que salta a compreensão” (p 135) e só compreendendo consegue crescer. Esta ideia, aliás, estende e relaciona-se grandemente com a questão das boas práticas que já aqui abordei.

Antes de contratar alguém, faça você mesmo o trabalho para saber o que está envolvido e o tipo de competências necessárias.

Não se cria uma cultura. “Uma cultura artificial é tinta. Uma cultura verdadeira é pátina.” (p 249)

Aproveite enquanto está na sombra, isto é, enquanto ninguém o conhece ou enquanto ninguém sabe o que está a fazer. Se está a fazer um projecto-piloto, aproveite enquanto só alguns sabem disso para testar, mudar, brincar até chegar ao ponto certo para o anunciar.

No geral, e de uma forma estranha, muitas das práticas apontadas poderiam aplicar-se a alguém que quisesse iniciar um programa de gestão de conhecimento ou um projecto piloto (por exemplo para a utilização de ferramentas sociais numa organização).

Este pretende ser um livro de leitura fácil e rápida, descomplicado e muito prático. Muito do seu conteúdo são coisas aparentemente óbvias mas que, no entanto, são frequentemente esquecidas. É daqueles livros que vale a pena ter em casa, e pegar nele de vez em quando, ler um ou dois capítulos (cada um tem uma ou duas páginas, lembram-se?) e pensar de que forma o que lemos pode ser aplicado na forma como trabalhamos nas nossas organizações.

Escrito pelos fundadores da 37signals, e apesar do esforço que se nota em generalizar as ideias apresentadas, estas são um pouco mais adequadas ao desenvolvimento de software. Mas nada de exagerado e que possa aborrecer quem não se move nessas áreas.

Rework - capa do livroSobre o livro:
Rework: Change The Way You Work Forever
Jason Fried, David Heinemeier Hansson. Vermilion, UK. 2010.

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