"Collaborating in a Social Era" - capa do livro

Collaborating in a Social Era: Ideas, insights and models that inspire new ways of thinking about collaboration

A maioria das empresas tem vontade de crescer. Porém, atingida uma certa dimensão, começam a padecer de algumas “deseconomias” de escala. Estas devem-se sobretudo à fraca comunicação, a problemas de coordenação, baixo empenho dos colaboradores, tomadas de decisão focadas nos interesses individuais, menos inovação e menos agilidade. Neste livro, Oscar Berg propõe de que formas a colaboração social e a tecnologia digital podem ajudar a ultrapassar essas dificuldades, a melhorar os resultados de negócio e a crescer.

“Organizations need to create a digital work environment where it is easy for people to digitally communicate, interact, and collaborate, as if located in the same room.” (p 33)

“An organization’s survival increasingly depends on its ability to mobilize and organize its people and work using digital technology.” (p 13)

Independentemente da qualidade das ferramentas, é difícil conseguir que as pessoas as utilizem para comportamentos e atividades não apoiados pela cultura organizacional. Porém, é possível moldar as ferramentas para que reflitam os comportamentos atuais e os pretendidos. Por exemplo, Oscar Berg defende que a melhor forma de melhorar a colaboração é melhorando a comunicação. Essa, por seu turno, pode melhorar com abertura, transparência, participação, conversa e reconhecimento. Estes cinco princípios deveriam ser aplicados aquando do desenho de ferramentas e de todo o ambiente de trabalho digital.

Reconhecidos mundialmente, Stowe Boyd e Jon Husband descrevem uma mudança na estrutura das organizações: uma estrutura mais hierárquica dá lugar a uma mais em rede. Oscar Berg concorda e aponta as duas principais fragilidades das tradicionais estruturas hierárquicas: inércia e fluxos de informação ineficientes.

Este livro aborda, claro, a adoção de tecnologia social e fala sobre o que é que pode ser descrito como um sucesso: as métricas em torno das taxas de utilização podem ser importantes mas não contam certamente a história toda. Por exemplo, pode ser adequado avaliar o sucesso através da análise dos custos que derivam da dificuldade dos colaboradores em encontrar a informação de que necessitam (ou olhar para os custos de não investir em ferramentas digitais de colaboração, como eu própria sugeri este ano em Vigo).

Neste livro podemos encontrar a Knowledge Work Capabilities Framework de Oscar Berg. Esta modelo, que já havia partilhado no seu blog e que evoluiu de algumas versões anteriores, considera nove capacidades: reunir, coordenar, network, partilhar, conversar, co-criar, encontrar pessoas e expertise, tomar consciência e encontrar informação.

Knowledge Work Capabilities Framework - por Oscar Berg

Knowledge Work Capabilities Framework de Oscar Berg (CC BY 2.0)

Gosto particularmente da forma como este modelo pode ser usado para estruturar o pensamento em torno dos processos e ferramentas necessárias à melhoria dos resultados de negócio e até mesmo do empenho dos colaboradores.

Este livro também documenta a pirâmide da colaboração e como a forma mais básica de colaboração é, na verdade, a colaboração social (em oposição à colaboração mais formal em equipas).

Collaboration Pyramid - por Oscar Berg

Pirâmide de Colaboração de Oscar Berg (CC BY 2.0)

“The problem is that activities in the lower five layers are usually not well supported (…). The first step towards improving real enterprise-wide collaboration is to recognize the existence and value of these five layers and give them the proper support.” (p 154-155)

Esta obra inclui exemplos de como a colaboração social (“pessoas que colaboram enquanto um todo e contribuem para um propósito partilhado ajudando-se, direta ou indiretamente, a atingir objetivos” p 208) pode ser usada para melhorar algo como o processo de vendas, por exemplo. Este conceito da colaboração social tem bastantes pontos em comum com o de “working out loud” (“trabalhar em voz alta”) popularizado por John Stepper.

Oscar Berg descreve tecnologia social como “uma nova forma de desenhar software que vai às ciências humanas e sociais buscar o conhecimento necessário para tirar partido e aumentar as nossas capacidades de comunicação” (p 192). São várias as características da tecnologia social: autoria, abertura, transparência, alcance, freeform, fácil de usar, conversação e adesão.

Para mim, uma das ideias mais interessantes é apresentada quase no final do livro quando Oscar Berg sugere que o pensamento e os princípios subjacentes à tecnologia social deveriam ser aplicados no desenho de organizações e de processos de trabalho. Esta ideia, parece-me mais relevante para as empresas jovens que, ainda sem hábitos, têm uma oportunidade fantástica de crescer em torno de um conjunto de princípios e comportamentos “sociais”.

Considero que este livro é muito fácil de ler pela sua linguagem clara e pela sua abordagem prática. Parece que foi escrito com a preocupação de mostrar as vantagens da tecnologia e colaboração sociais para as organizações mas também para cada um de nós (veja-se por exemplo a secção “working your way up to the surface”na página 152). Começa com conceitos básicos e vai avançando para ideias mais complexas, deixando pelo caminho variados argumentos sobre a importância das tecnologias sociais adequadas no ambiente organizacional.

Os modelos e as ilustrações dão vida aos conceitos e podem ser usados para orientar as organizações na altura de pensar práticas para melhor comunicação e colaboração.

Trata-se de um livro sobre comunicação e colaboração, que mostra com clareza como o contexto atual exige que as organizações sejam flexíveis, tenham capacidade de resposta e apostem na colaboração social.

Social Now 2012 - Oscar Berg keynote

Livro na Intranatverk

"Collaborating in a Social Era" - capa do livroSobre o livro:
Collaborating in a Social Era: Ideas, insights and models that inspire new ways of thinking about collaboration
Oscar Berg. Intranatverk, Suécia. 2015.

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